# 41 - A solidão que o evangelho traz


“E disse Elias: Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem.” (conforme 1º reis )

Creio que todo amante da verdade do evangelho viverá dias de Elias. Sinto em meu coração que cedo ou tarde chega um dia na vida do cristão em que ele se sente só no caminho do evangelho. Neste dia ele fica desesperado pela forma como a igreja vem se esquecendo da palavra de Deus, trocando a verdade por boboseira gospel, sufocando e não dando credito aos verdadeiros profetas de Deus, para ouvirem os pregadores famosos e suas palavras de vitória financeira, sucesso e prosperidade material.

No dia em que isso tudo acontece o que nos sobrevêm é uma solidão profunda. Temos Deus conosco, aleluia! mas parece que ninguém nos ouve ou entende e ainda que ouçam e digam amém, a vida deles mostra o oposto! Nossa palavra é muito forte para eles; Eles ouvem, gostam, concordam mas preferem ficar arraigados em sua comodidade religiosa legalista onde tudo parece mais fácil.
Todavia Só parece ser assim, pois na religião não há liberdade verdadeira, mas apenas um viver costumizado e pré-formatado! Liberdade de er e existir só há em Jesus, ainda que a igreja diga ser dele somente ele pode nos libertar para a vida pacificada e simples. Ser livre é difícil e exige pensar, refletir, se enxergar e principalmente, assumir responsabilidade por suas escolhas, mas quem deseja isso? Quem deseja ser natural? Quem deseja ser simples assim?

Quando o evangelho entranha em nossa consciência, Deus nos parece mais intimo e próximo do que tudo e todos. Deus vira pai amigo ao invés de um chefe mafioso. Ao nosso redor tudo perde valor sacro-santo, pois temos o santo Deus dentro de nós e neste dia percebemos quanto tempo perdemos com santidades humanas, cartilhas dogmáticas, regras legalistas, sistemas dominadores, praticas religiosas, reuniões obrigatórias, sacrifícios e ofertas de tolos.

Quando o evangelho entranha em nossa consciência, descansamos em Deus, e nossa santidade começa a brotar naturalmente de dentro para fora, neste momento parece haver relaxamentos, displicências, mas o que acontece é uma expansão da nossa visão e uma renovação de nosso entendimento. Começamos a experimentar uma nova dimensão de vida cheia de paz e abundante alegria.

Quando o evangelho entranha em nossa consciência, a leitura da bíblia se torna intensamente mais produtiva. Uma hora de leitura debaixo da graça de Deus nos vale mais do que anos de leitura religiosa. Podemos num único dia ler Isaías todo ou podemos ficar tempos sem ler nada, mas um simples versículo pode nos arder no coração por dias. Lembram como o profeta Elias comeu uma única refeição e andou por 40 dias sem fome?

Quando o evangelho entranha em nossa consciência, a nossa pregação da palavra se torna naturalmente idêntica à nossa maneira de falar e conversar, pois não existe mais diferença para nós, toda conversa é uma pregação e toda pregação é uma conversa, pois a mensagem esta entranhada e transbordando de nossos corações. Nosso perfume é exalado querendo ou não! Quem tiver olfato sempre sentirá nossa fragrância suave. O perfume de cristo.

Quando o evangelho entranha em nossa consciência, acabam as agendas sagradas, os dias de evangelismo, os horários devocionais obrigatórios, afinal tudo se torna santo e a todo momento pregamos, ensinamos, estudamos, oramos, jejuamos e cultuamos. Não existe mais um calendário santo, mas o que existe é uma liberdade que respeita a verdade de que tudo tem um tempo e um modo e o sábio os discerne.
Quando eu era menino jantava, me banhava e estudava na hora que minha mãe mandava, mas depois de adulto, eu faço isso conforme a necessidade, bom-senso, maturidade e consciência em fé. Se der para firmar dias e horas legal, se não der amém,o que importa não é a periodicidade, mas a intensidade!

Quando o evangelho entranha em nossa consciência, nosso evangelismo se torna sutil, simples e totalmente agradável. Não conseguimos nos resumir a folhetos, “Jesus te ama” e convites à cultos, nosso evangelismo toma forma de amizade, zelo, auxilio, suporte, preocupação, gestos e palavras amistosas e carinhosas, que fazem de nós gente boa de Deus, que converte e ganha as pessoas no amor vivido com naturalidade e simplicidade. O evangelismo somos nós e a nossa pregação é nossa vida!

Quando o evangelho entranha em nossa consciência, naturalmente vivemos dias de Elias, pois olhamos para o mundo e vemos um povo perdido e cego, mas ao olharmos para igreja vemos um povo religioso e cheio de preconceitos, paranóias, neuroses, angustias, invejas, egoísmos, idolatrias, vaidades e todo tipo de sentimento que pode brotar do coração de quem acha que é santo só por ser parte de uma denominação evangélica, mas que ainda não entendeu que o caminho do santo é simples: O amor a vida e ao criador.

Quando o evangelho entranha em nossa consciência, passamos a nos sentir diferentes de tudo e de todos. Realmente somos, mas é uma liberdade tão grande e uma paz tão real, que o mundo não entende nosso segredo e a igreja não nos aceita em nossa simplicidade. Neste dia, passamos por desviados, endemoninhados, incrédulos, falsários e até hereges. A solidão e incompreensão se instalam em nós assim como se instalaram em Elias durante os dias de sua depressão espiritual na caverna.

Neste momento de solidão realmente nos sentimos tristes e abandonados. As vezes até pensamos que seria melhor não termos nos aprofundamento no evangelho, para podermos viver a vida sossegada da religiosidade enganosa, mas essa ideia não fica muito tempo em nossa mente, pois o evangelho se tornou nosso único bem e Deus nossa única herança. Não conseguimos negociar nosso mais valioso tesouro.

Neste momento fica difícil se encaixar na rotina legalista sistemática da vida de igreja, pois ansiamos pelo vento que sopra e pelas surpresas de Deus no cotidiano da vida. Passamos a viver como o bom samaritano que não tem dia nem hora para adorar a Deus, pois entende que o adora a todo o momento, e principalmente quando ajuda em amor as pessoas que cruzam seu caminho. A simplicidade do evangelho não é rotina da igreja, pode ate conter uma igreja institucional e é até bom haver um grupo, mas o evangelho não se resume a isso e nunca se resumirá.

O evangelho muda tanto nossa visão da vida que até mesmo arrumar um cônjuge se torna missão impossível, pois dentre os mundanos ninguém nos agrada e dentre os religiosos evangélicos ninguém nos suporta. O simples estar conosco já é uma imensa prova de amor por si só, afinal estarão andando conosco sem saber do futuro, contra a vontade da igreja algumas vezes e sem segurança nenhuma além de nosso sincero amor.
As falsas seguranças religiosas não existem no evangelho, mas apenas uma liberdade para se dar em amor. Quem quer isso? Quem agüenta isso? Creia! Quem suportar isso, este é o que te ama e quem será digno de todo o teu amor.

Neste momento de imensa solidão e incompreensão passamos a entender a motivação dos apóstolos. Eles não pregavam, evangelizavam, oravam, jejuavam, cultuavam por obrigação como a igreja de hoje! A motivação deles era a imensa sensação de morte e engano ao seu redor. Tá tudo morto! Tá todo mundo cego! Não tenho vantagens ao pregar, na verdade isso me é imposto e ai de mim se não pregar. É necessário pregar quando se ama. Feliz é quem o faz!

O evangelho me faz pregar, ele me projeta e lança à pregação! Afinal quem deseja viver num mundo morto? Quem deseja viver entre zumbis? Quem deseja viver sozinho num mundo de iludidos? Se não é bom ao homem viver só, como pois eu poderia sair desta solidão em que o evangelho me coloca? Ora bolas! Pregando o evangelho na esperança de que ele frutifique e gere vida nos outros. Eu prego para não morrer sozinho! Eu prego por amor as pessoas e para ter quem me acompanhe nessa jornada de amor simples e fé sincera.

O evangelho me mostra a verdade do engano e ilusão dos mundanos e religiosos. Isso faz sentir-me sozinho e é por isso mesmo que sou motivado à pregação apaixonada! Para compartilhar o mesmo bem que tenho provado na vida: Deus! E assim congregar as ovelhas perdidas da casa de Israel.

Quando minha pregação surte efeito eu vejo gente pensando, refletindo, revivendo, se alegrando em Deus e principalmente, compartilhando vida comigo, afinal o crente tem que viver em comunhão, mas comunhão que seja realmente viva e amorosa no senhor.

O evangelho entranhado em mim, me faz chorar pela igreja, pelo mundo e pelas pessoas ao meu redor que vivem se afundando na lama do pecado ou se afogando no engano da religião, me fazendo correr para pregar de todas as maneiras, um novo e vivo caminho para que tenham vida, paz e alegrias reais, o caminho sobremodo oportuno: O caminho do Amor, afinal o justo vive pela fé e esta atua pelo amor.

Mas nem tudo está perdido! O bom do evangelho é que ele é vivo e opera até quando não vemos, ou onde menos esperamos. Não seja bobo e não ache que é o único! Saiba que existem outros perseverando no caminho também. Eu não sou o dono da verdade nem o único pregador da verdade, sei que somos poucos, mas sei que também que existem ainda muitos remanescentes fiéis, afinal o próprio Deus disse isso a Elias: “Também deixei ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou.” (conforme 1º reis )

Portanto espero que ao ler este texto você se veja como um sincero Elias moderno, que se sente só por não suportar mais os “igrejismos”, infantilismos gospel e as ilusões do mundo, mas que ama de verdade o evangelho e avida. Sendo assim eu espero que haja paz em ti, por saber que não és o único. Estamos Juntos! Você não está perdido nem desviado, mas apenas se aprofundando e amadurecendo em conhecer e viver com Deus à semelhança de Enoque o solitário de Genesis, que foi arrebatado por Deus devido sua compreensão avançada dos caminhos de Deus.


Todavia, caso o evangelho te seja um fardo cansativo e rotineiro, saiba que não estás vivendo o evangelho, pois ele é leve e suave! Existe mais para ti! As águas rasas em que estás darão lugar à águas profundas, onde poucos ousam ir. Venha! Eu recomendo! Venha logo, preciso de ti! Nadaremos juntos no mar da vida pela fé.

O meu convite é para vivermos dias de Elias, onde o evangelho se entranhe em nós e ainda que as conseqüências disso pareçam assustadoras e façam de nós, pessoas diferentes de todas as pessoas do mundo e da igreja, creia, somente neste dia você vai experimentar a paz que transcende todo entendimento e usufruirá da vida abundante que é fruto da fé sincera de quem simplesmente se sabe amado por deus e confia na verdade de que tudo coopera para o seu bem.
Neste dia você descobre o seu verdadeiro Eu em Deus. Depois disso nada mais vai ser tão poderoso e opressivo para te fazer retroceder no caminho da fé.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz à igreja: Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.” (Conforme apocalipse 2:17)

Não perca tempo!
Este maná escondido é a vida de paz e simplicidade que surpreende a todos!
Esta pedra branca com um novo nome é a tua individuação e singularidade de ser, afinal só Deus e você conhecem o intimo de tua alma e coração e por isso, juntos irão construir o chão pelo qual se haverá de caminhar na vida.

Fiquem com Deus, aquele que nos desespera de amor todo dia, nos constrangendo a amar o amor evangelizador, que nos unirá em comunhão real com aqueles que por amor se achegarem a Deus também.
PEP
13/09/09

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    # by Marco Alcantara - 15 de setembro de 2009 às 07:04

    Gosto de pensar no ES como uma conciência agregadora e motivadora das coisas que faço. também gosto de pensar no evangelho de forma simples e direta.

    Penso que o evangelho é agregador e arrebatador e não mercado, pastores inescrupulosos, juntamento de riquezas entre tantas outras coisas que obeservamos que desagrega tanta gente.

    Talvez por causa da maioria estar agregada aos seus desejos de sucesso nós que não concordamos nos sentimos sozinhos as vezes em nossa caminha simples mente por estarmos a margem disso tudo.

    Somos marginalizados por não nos conformar e isso acontecia com Elias.

    Ele não aceitava a situação e o senso comum que imperava em seu meio.

    Abraço!

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    # by Daniel Grubba - 16 de setembro de 2009 às 10:29

    Mano,
    Que bela reflexão.

    Esses dias no seminário disse a todos na sala qu estava me sentindo como Elias; sozinho, abandonado, sem forças, e com a expectativa de que o riacho de Querite irá secar.

    Fui muito edificado com a leitura.

    Deus continue lhe inspirando.

    Deus abençoe,
    Daniel

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    # by Unknown - 19 de setembro de 2009 às 13:09

    Essas palavras são a descrição de como me sinto hoje, do meu desabafo pra Deus hoje de que tenho me sentido só, cansada de tanto ouvir em TV, internet e livrossobre religiosidade, sobre meu anseio de querer viver pra Cristo e morrer pra toda essa parafernália que só vem pra atrapalhar as nossas vidas.