# 23 - Fomos libertos para julgar?



"NÃO julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós." (Mateus 7:1-2)

O texto, por si só, é explicativo e sem nenhuma dificuldade de interpretação. Não julgar é não julgar e não existe outra interpretação para isso! Neste texto Jesus está sendo enfático ao nos aconselhar a evitar os juízos alheios. O juízo realmente não esta na lista de afazeres dos homens.

Tenho visto que pior do que o pecado na vida de uma pessoa é o fardo de tal pecado na sua consciência, de modo que alguém que peque ainda em ignorância, sofre menos do que quem o faz conscientemente, pois este, a contrario do primeiro, carrega sobre si o fardo da culpa em sua consciência.

Se a pessoa não consegue se sentir livre mesmo conhecendo cristo, ela ainda está na ignorância.

Levando em consideração que todos pecaram e todos pecarão até mesmo os discípulos de Cristo estão presos numa arapuca. O pecado dói mais no homem não pela sua condenação futura, mas pela opressão imediata da consciência. O salário do pecado é morte! Isso é certo, mas a opressão, digamos que seja o adiantamento deste salário.

Hoje somos de cristo e temos uma visão melhor da vida e caminhamos com Deus por esse mundo, todavia não estamos livres dos erros e pecados. Como fazer para não sermos esmagados por esta consciência de erro? Como posso conviver com essa dualidade sem me oprimir até os ossos?

Só existe uma maneira para pecadores, doentes de alma, cheios de traumas e doenças interiores serem verdadeiramente libertos desta arapuca que nos é apresentada todos os dias. Só existe uma esperança para os perdidos assim como para os que saíram da ignorância e passaram para a luz de cristo...

"Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve." (Mateus 11: 28-30)

Jesus nos propôs uma vida sem condenação, opressão, traumas morais e juízo! Ele não prometeu uma vida perfeita de virtudes inigualáveis e muito menos uma santidade excelsa e imarcescível. Somos acima e antes de tudo, falhos!

Agora muita atenção!

Este caminho de descanso e paz só pode ser trilhado por aqueles que entenderem que não podem julgar a ninguém, pois o juízo dos homens é imperfeito e traz em si a opressão sobre o próximo, posto que o juízo perfeito seja somente feito por Deus, nenhum juízo pode ser feito sem opressão além do juízo de Deus.

Jesus diz que não devemos julgar, pois seremos julgados na mesma proporção e isso é fato. Vejo a sociedade cobrar comportamentos beatificados e perfeitos somente dos evangélicos e isso acontece somente porque estes andam a torto e a direito dizendo quem está certo e errado. Posicionam-se diante dos homens como detentores do conhecimento do bem e do mal (Ainda acreditam na mentira da serpente do éden!).

Ninguém condena um religioso não-evangelico por beber álcool, mas quando um evangélico bebe, escandaliza a todos e é alvo de severos julgamentos. Isso acontece somente porque eles mesmos (evangélicos) espalharam pelos quatro cantos da terra que beber é coisa do diabo! Somos julgados conforme julgamos os outros!

A receita para fugir do juízo alheio no meio evangélico é simplesmente alegar que se está sendo julgado por obedecer à vontade de Deus. Um subterfúgio simplório e até infantil, mas que realmente pode aliviar um pouco a opressão do juízo, mas um peso que nunca sairá dos ombros é o peso do juízo que nós mesmos fazemos. A pessoa que oprime as outras com seu juízo, cedo ou tarde, acaba se oprimindo a si mesma quando cai nas garras de seu próprio juízo.

Mais uma vez digo que Jesus estava certo. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados!

Fugir da opressão do juízo dos outros é possível, mas do seu próprio juízo é impossível! A não ser que se cauterize a consciência e viva em estado de anestesia. Jesus diz que seremos julgados na mesma medida com que julgamos, mas seremos julgados não só pelos outros como por nós mesmos!

É comum ver uma pessoa se oprimindo pelo fato de estar agindo contra os seus próprios juízos e isso até mesmo sem cometer um pecado. Essa opressão não vem por se agir contra a boa consciência do evangelho, mas tão somente por se agir como aqueles a quem condenamos em outros tempos. Os "pecadores".

O julgamento é como um bumerangue, ele vai e volta!

Você fala mal e condena uma pessoa por uma atitude ou um "pecado" e quando se vê preso numa situação semelhante, acaba se julgando e se condenando a si mesmo, de modo que não precisa de diabo acusando nem de Deus condenando, pois sozinho já se fez o papel de acusador e juiz!

Conheci gente que chamava de desviado qualquer um que namorasse alguém não-evangélico e hoje se vê preso numa paixão nesta situação. Não existe pecado nisso, somente "pecado" (entre aspas pois é pecado somente para o juiz) mas a pessoa sofre como se estivesse cometendo o maior pecado do mundo, ela carrega a opressão do pecado que não cometeu tão somente por se prestar ao papel de juiz dos outros.

Como suportar a sua própria consciência te acusando dia e de noite? E por que será que ela acusa tanto? Não seria somente pelo costume que ela tem de acusar os outros? Uma pessoa que vive para julgar acaba não desenvolvendo a boa consciência do evangelho, mas apenas um olhar cego da justiça implacável.

Eu aconselho que vivamos a vida simplesmente indo até Cristo e descansando no jugo suave dele, pois somente ele pode nos dar descanso real para nossas almas.
Eu aconselho que deixemos de olhar para as atitudes dos outros com olhar de juiz, pois nós não somos juizes de ninguém, e se formos dos outros seremos, antes de tudo, de nós mesmos.
Eu aconselho que andemos em boa consciência sempre refletindo sobre a nossa vida e olhando para nós mesmos antes de pensar em iniciar um juízo sobre a vida de outrem.
Eu aconselho que nos agarremos a Deus pela fé, de tal maneira que o pecado não nos oprima, mas produza em nós a tristeza segundo Deus que opera para a edificação.
Bem-aventurado o homem cujo Senhor não imputa a iniqüidade, este sim, vive feliz e quando se entristece não é pelo peso do pecado ou do "pecado", mas sim por causa de Deus e do seu evangelho.

É incrível mas o juizo imperfeito que fazemos dos outros, virá sobre nós e irá gerar uma tristeza que produzirá morte, a mesma morte que o pecado gera!

"Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte." (2co7:10)

Quem Julga pouco, pouco é julgado, pois o fato de não condenar a ninguém acaba por livrá-lo de si mesmo, deixando-o apenas nas mãos de Deus. E não existem mãos melhores no universo! Nenhuma condenação há para os que estão nelas!


Fiquem com Deus, o único que verdadeiramente é o justo juiz pois o resto é apenas fraude!
Forte abraço!

PEP
10/04/08

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    # by Igão Don - 24 de abril de 2008 às 05:21

    Mano, gostei muito desse nova edição sua, como sempre ótimas msgs insparadas e inspiradoras. fik nessa tua fé mano e firme no alvo, abração. isso gerará frutos pra muitos.

    Fuiz

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    # by Éverton Vidal Azevedo - 10 de maio de 2008 às 16:08

    Seus textos sao simples, mas nao simplistas. Sao texto cheios do bom e velho evangelho, que é sempre novo. Aprendi aqui.

    "O pecado dói mais no homem não pela sua condenação futura, mas pela opressão imediata da consciência."

    Uma grande verdade 8entre as tantas citadas no texto). Forte abraço mano.

    Inté!